Sabemos que muitas pessoas abraçam fervorosamente o conceito de livre-arbítrio e têm um verdadeiro horror à doutrina da Eleição (mais conhecida por Predestinação). Acaloradíssimos debates têm ocorrido e a internet tornou-se a nova arena desse combate.
Convido a todos para baixarem os escudos e as espadas e refletir sobre o assunto baseados no que a Bíblia Sagrada nos diz sobre o assunto.
Em primeiro lugar devemos dizer que não existe um só versículo da Bíblia no qual conste a expressão “livre-arbítrio”. Por outro lado, há uma gama enorme de versículos que utilizam os termos “predestinado”, “eleito”, “eleição”, “escolhidos”. Confira: Rm 8.28-30; Rm 9.11-18; Ef 1.4,5,11,12; Rm 11.5; 1 Ts 1.4; 2 Ts 2.13-14; 2 Pe 1.10; Mt 24.24; Mc 13.20-22,27; Rm 8.33; Rm 16.13; Cl 3.12; 2 Tm 2.10; Tt 1.1; 1 Pe 1.1-2; 1 Pe 2.9; Ap 17.14; Sl 139.16; 2 Tm 1.9; Rm 11.5, 7-10.
Em vista da ausência absoluta do uso de um termo e o uso copioso dos outros, o que você acha que Deus quis ensinar na Sua Revelação?
Ademais, como se pode falar em livre-arbítrio à luz de versículos como estes?
“Não sabem que, quando vocês se oferecem a alguém para lhe obedecer como escravos, tornam-se escravos daquele a quem obedecem: escravos do pecado que leva à morte, ou da obediência que leva à justiça? Mas, graças a Deus, porque, embora vocês tenham sido escravos do pecado, passaram a obedecer de coração à forma de ensino que lhes foi transmitida”. Romanos 6:16,17.
“Vocês foram libertados do pecado e tornaram-se escravos da justiça. Falo isso em termos humanos por causa das suas limitações humanas. Assim como vocês ofereceram os membros dos seus corpos em escravidão à impureza e à maldade que leva à maldade, ofereçam-nos agora em escravidão à justiça que leva à santidade. Quando vocês eram escravos do pecado, estavam livres da justiça”. Romanos 6:18-20.
Bem, vê-se claramente que antes da redenção, a situação do homem natural é de escravidão ao pecado. Ora, o escravo não tem vontade própria, vive para satisfazer a vontade do seu Senhor. Como se falar de livre-arbítrio de quem a Bíblia denomina de escravo?
“Tornaram-se cheios de toda sorte de injustiça, maldade, ganância e depravação. Estão cheios de inveja, homicídio, rivalidades, engano e malícia. São bisbilhoteiros, caluniadores, inimigos de Deus, insolentes, arrogantes e presunçosos; inventam maneiras de praticar o mal; desobedecem a seus pais; são insensatos, desleais, sem amor pela família, implacáveis”. Romanos 1:29-31.
Como pode o homem natural, sendo escravo do pecado e inimigo de Deus decidir-se por ficar do lado de Deus, seu inimigo?
“Os que vivem segundo a carne se inclinam para as coisas da carne, mas os que vivem segundo o Espírito se inclinam para as coisas do Espírito. Pois a inclinação da carne é morte, mas a do Espírito é vida e paz. Porque a inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois não está sujeita à lei de Deus, nem mesmo pode estar. Portanto, os que estão na carne não podem agradar a Deus”. (Rm 8.5-8).
O homem natural, o homem não regenerado, tem a inclinação para o pecado, seu desejo é pecar, e isso é inimizade contra Deus. Vê-se, por estes versículos, que a vontade do homem natural não é livre e nem é neutra. Ela está comprometida com o pecado.
Como podemos “encaixar” o livre-arbítrio nessa passagem?
“Todavia, antes que os gêmeos nascessem ou fizessem qualquer coisa boa ou má — a fim de que o propósito de Deus conforme a eleição permanecesse, não por obras, mas por aquele que chama — foi dito a ela: ‘O mais velho servirá ao mais novo’ Como está escrito: ‘Amei Jacó, mas rejeitei Esaú’. E então, que diremos? Acaso Deus é injusto? De maneira nenhuma! Pois ele diz a Moisés: ‘Terei misericórdia de quem eu quiser ter misericórdia e terei compaixão de quem eu quiser ter compaixão’. Portanto, isso não depende do desejo ou do esforço humano, mas da misericórdia de Deus. Pois a Escritura diz ao faraó: ‘Eu o levantei exatamente com este propósito: mostrar em você o meu poder, e para que o meu nome seja proclamado em toda a terra’. Portanto, Deus tem misericórdia de quem ele quer, e endurece a quem ele quer”. Romanos 9:11-18.
E, finalmente, como explicar esses versículos à luz da hipótese do livre-arbítrio?
“Jesus disse a eles: A vocês é dado conhecer o mistério do Reino de Deus, mas aos de fora tudo se ensina por meio de parábolas, para que, vendo, vejam e não percebam; e, ouvindo, ouçam e não entendam; para que não venham a converter-se e sejam perdoados”. (Marcos 4.11-12).
“Vocês não me escolheram, mas eu os escolhi para irem e darem fruto, fruto que permaneça, a fim de que o Pai lhes conceda o que pedirem em meu nome”. (João 15.16).
“Quando os demais ouviram isso, acalmaram-se e glorificaram a Deus, dizendo: Então também aos gentios Deus concedeu o arrependimento para a vida!” (Atos 11.18).
Veja que é Deus quem concede o arrependimento aos gentios.
“Certa mulher, chamada Lídia, da cidade de Tiatira, vendedora de púrpura, temente a Deus, nos escutava; o Senhor lhe abriu o coração para que estivesse atenta ao que Paulo dizia”. (At 16.14).
Observe que foi o Senhor quem abriu o coração de Lídia e não ela própria.
Assim, em vista do que a Bíblia nos ensina de forma reiterada, a qual conclusão você chega a respeito da hipótese do livre-arbítrio?
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