ESTUDOS NA EPÍSTOLA AOS HEBREUS Nº 09
BASES DE CONFIANÇA INSPARADORAS DE CONSTÂNCIA
Presb. Rubens Cartaxo Junior
RECORDANDO:
Autor: desconhecido;
Destinatários: Líderes judeus que aceitaram a mensagem de que Jesus era o Messias, mas que estavam titubeantes em sua decisão, visto que a maioria dos judeus não aceitaram tal mensagem, e estavam considerando retornar à antiga fé.
Propósito: Restaurar a confiança dos irmãos e fortalecer a convicção de que tinham tomado a decisão correta.
– Jesus é apresentado de forma majestosa, como Deus e como homem, o Filho de Deus. É apresentado como superior aos anjos, superior a Moisés e a Josué, e o autor faz várias advertências sobre descrer no que foi dito anteriormente e insta seus leitores a permanecerem firmes na fé. Fazendo uma ponte com o A.T., o autor apresenta Jesus como Sumo Sacerdote. No estudo anterior, analisamos um trecho de advertências contra a apostasia e fizemos referência às três formas de interpretação de uma das mais difíceis passagens da Bíblia.
BASES DE CONFIANÇA INSPIRADORAS DE CONSTÂNCIA (Hb 6.13-20)
O trecho que comentaremos agora (6.13-20) está inserido na passagem de advertências contra a apostasia iniciada em 5.11. O trecho imediatamente anterior alertava os destinatários originais da carta (e a nós também) a não sermos indolentes e negligentes, mas sim diligentes e operosos, lembrando que a carreira cristã não se esgota na contemplação, na “espiritualidade”, mas tem que haver ações concretas que evidenciem a fé.
Iniciando esse trecho, o autor lembra uma prática em curso na antiguidade e ainda hoje praticada (em menor proporção): o juramento. Na antiguidade o juramento era sagrado e os homens sempre juravam por algo que lhes era superior. Obviamente o mais solene juramento era feito em nome de Deus. Tal juramento era garantia de que o homem que o fizesse o cumpriria cabalmente.
Aqui o autor relembra que Deus fez uma promessa de salvação ao homem. Sendo promessa de Deus, ela é mais firme e confiável que qualquer promessa feita pelos homens. Para ilustrar essa firmeza e certeza, o autor lembra a promessa de Deus a Abraão (Gn. 22.16-17). É interessante lembrar que Deus não cumpriu de imediato a promessa feita a Abraão. O Pai da fé teve que aguardar longos anos até que a promessa de um filho fosse concretizada, mas o foi.
O trecho de Hebreus demonstra que a confiança de Abraão na palavra de Deus o capacitou a suportar tudo pacientemente até que a promessa se cumpriu. Este fato histórico nos ensina que o tempo de cumprimento das promessas divinas está sob o controle de Deus, que é o Todo-poderoso, e não sob nosso controle.
Isso é exatamente o contrário do que tem sido ensinado à larga nos dias de hoje e que tanto tem seduzido a tão grande número de pessoas. Deus tem sido encarado meramente como um “gênio da lâmpada maravilhosa” do conto de Aladim. Ele tem que cumprir os desejos daqueles que “declaram”, “determinam”, “exigem”, “tomam posse”, “se apropriam” da bênção ou da promessa. E Ele tem que atender rápido, instantaneamente! Nada mais distante do ensino bíblico!
Abraão aguardou pacientemente durante anos até que a promessa fosse cumprida. Se o Pai da fé precisou exercitar sua fé por longos anos de espera, por que conosco seria diferente?
Voltando ao juramento. Quando os homens juravam por Deus ou o tomando como testemunha, estavam certos que Ele exerceria juízo sobre aquele que quebrasse o juramento, ou seja, a expectativa do juízo divino era a garantia do cumprimento do juramento. O autor afirma que Deus, não tendo ninguém superior a si mesmo por quem jurar, jurou por Si mesmo. Dessa forma, há uma dupla confiança aqui envolvida: 1ª) Como Deus é fiel, há certeza de Ele cumprir a promessa feita; 2ª) Como Deus é o fiador da promessa, há garantia que ela será cumprida. Como conclusão, “não há possibilidade de o indivíduo vir a ser enganado a respeito da promessa ou ficar desapontado a seu respeito” (Novo Comentário da Bíblia, V. III, p. 1360).
No V. 19 o autor traz mais uma ilustração que evoca firmeza ao dizer que “temos esta esperança com âncora da alma”. Qual o papel da âncora senão firmar o barco e impedir que ele saia à deriva? A âncora dos barcos finca-se no leito do rio ou oceano, mas a nossa âncora está fincada no Santo dos Santos, para além do véu (Lv. 16.6). O trecho aqui em comento recorda aos leitores a pessoa de Jesus e seu ofício como sumo sacerdote segundo a ordem de Melquisedeque, “o grande tema acerca do qual o escritor havia indicado grande desejo de expô-lo (5.10,11)” (NCB, p. 1360).
“Jesus nos oferece nova esperança, visto haver entrado no santuário mais interno, não apenas a nosso favor (por nós), mas igualmente entrou como “precursor”, abrindo caminho para que O possamos seguir, para que desse modo chegássemos até a própria presença de Deus” (NCB, p. 1360 – 1361).
A imagem da âncora nos dá uma absoluta confiança que Jesus habita no mais íntimo santuário da presença de Deus e que, ali eternamente entronizado, intercede por nós. Ali, no mais íntimo santuário da presença de Deus Ele se tornou sacerdote para sempre, segundo a ordem de Melquiseque. Aqui temos o primeiro flash do contraste entre a ordem sacerdotal aarônica e a ordem sacerdotal de Melquisedeque: os sacerdotes descententes de Aarão precisavam ser substituídos (semelhante aos papas da ICR), pois tais sacerdotes humanos morrem, mas o sacerdócio de Jesus é para sempre, eterno! Assim, os benefícios trazidos pelo sacerdócio de Cristo são eternos e não passageiros ou temporários.
Aguarde o nosso próximo estudo. Fique conosco!
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