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A temática dos milagres periodicamente vem à baila nos círculos evangélicos, principalmente nos últimos anos, forçado pelos grupos neopentecostais que alardeiam realização de milagres, inclusive com data e hora previamente marcados.
Que dizer acerca disso? Como responder às indagações feitas, quer pelos membros da nossa igreja, quer de outras igrejas, sobre esse tema? Por que em nossas igrejas não há tanto alarde quanto a milagres ou, por outra, parece não haver milagres?
A primeira pedra do alicerce a ser lançada é lembrar de um dos pilares da Reforma: Só a Escritura, que se traduz no aforismo “A Bíblia é a nossa regra única de fé e prática”. Vocês estão lembrados do cântico que dizia “não olho as circunstâncias, não, não, não, … não me guio por vista, alegre sou”? Pois é, o verso “não me guio por vista” cabe bem no estudo dos milagres e de sua importância.
Lançado o alicerce, devemos, necessariamente, passar os milagres pelo crivo da Palavra. E como se faz isso? Estudando a ocorrência dos milagres na Bíblia a fim de verificarmos o seu propósito e qual o resultado de sua ocorrência, fazendo a aplicação para os nossos dias.
A Bíblia está cheia de relatos de milagres. Às vezes somos levados a pensar que no passado o povo hebreu via milagres ocorrendo toda semana. Ledo engano. Às vezes se passava muito tempo entre um milagre e outro, como é o caso do livro dos Juízes (Jz 3.1-11 – 40 anos entre Otoniel e Eúde, Jz 3.12- 31 – 80 anos entre Eúde e Sangar).
Lendo-se o Livro de Êxodo, vemos que houve um período realmente de uma concentração de milagres, a começar pelas 10 pragas sobre o Egito. Uma coisa que me chama a atenção é que alguns milagres foram reproduzidos pelos magos da corte de Faraó (a vara que se transformou em serpente, a transformação de água em sangue e a proliferação das rãs). Conclui-se que nem todas as manifestações sobrenaturais têm Deus como sua origem. Aliás, o Apóstolo Paulo nos adverte contra os ministros de satanás que operam sinais e prodígios da mentira (2 Ts 2.9).
Aquela geração que foi tirada do Egito com mão forte e braço estendido vivenciou diuturnamente milagres, mas qual foi sua resposta às revelações miraculosas de Deus? Desobediência contumaz, incredulidade, ingratidão. Qual o seu destino? Pereceram no deserto ao longo de 40 anos de caminhada e nenhum deles, à exceção de Josué e Calebe, entrou na Terra Prometida.
Outro período de grande concentração de milagres foi o tempo de Elias e Eliseu. O povo, mesmo presenciando tais milagres não se voltou para Deus. É desse período reis iníquos como Acabe e sua esposa Jezabel, e Acazias.
O terceiro período de grande concentração de milagres foram os 3 anos de ministério de Jesus. É interessante notar como Jesus lidava com os milagres. Em primeiro lugar, ele não queria que seus milagres fossem divulgados. Em segundo lugar, ele nunca marcava data e hora para realiza-los. Em terceiro lugar, nunca recebeu qualquer benefício material ou financeiro pelos milagres que realizava. Em quarto lugar, era comum que alternasse a forma de realizá-los. E qual a resposta do povo a essa concentração de milagres? Exigiram que Jesus fosse crucificado e Barrabás fosse solto. É sintomático também que Jesus se recusou a fazer sinais e milagres quando isso lhe foi pedido como condição para que cressem (Mt 13.39; 16.4; Lc 11.29).
Vemos, portanto, que o milagre, por si só, não produz fé, pois a fé vem pelo ouvir a Palavra de Deus. A revelação do Pai em Jesus, e através da Palavra, é que produz fé em nossos corações. Daí a importância de um estudo diligente e inteligente da Palavra de Deus, pois, como visto, milagres podem ter origens outras que não o SENHOR.
Esta é a razão pela qual Jesus diz: “E conhecerão a verdade, e a verdade os libertará” (Jo 8.32). E a verdade está encerrada em Jesus e nas Escrituras Sagradas.
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