Nossa História
Em cumprimento das Sagradas Escrituras, em 1879, o pioneiro do evangelho no nordeste brasileiro e pastor em Pernambuco, olhando para o Rio Grande do Norte, enviou dois homens comprometidos com a divulgação do Evangelho — Francisco Filadelfo de Sousa Pontes e João Mendes Pereira Guerra — com o objetivo de fazer circular a Palavra de Deus e folhetos evangelísticos. Não houve conversões nesse período, mas animou grandemente os simpatizantes do evangelho do RN.
Neste período, o Sr. Antônio Eustáquio, irmão do padre da paróquia de Muriú, o Lutero do RN, Começou a examinar as Sagradas Escrituras e concluiu que a Igreja Romana não pregava as verdades eternas e os ensinamentos de seu irmão padre divergiam daqueles contidos na Bíblia. Ele começou, então, a pregar sua fé, combatendo o culto das imagens, a missa, confissão auricular, o purgatório e demais dogmas da Igreja Romana. Não possuía, ainda, a mínima noção acerca do protestantismo, mas acreditou na existência de uma religião que exprimisse o Evangelho puro.
Passaram oito anos sem que ninguém visitasse o campo do RN. Em 1887, os Rev. Belmiro de Araújo César e o Dr. De Lacy Wardlaw estiveram em Natal, realizando uma série de conferências no Teatro Santa Cruz e na residência do Dr. Hermógenes Joaquim Tinoco. Surgiu a primeira conversão, o professor Joaquim Lourival Soares da Câmara, filho ilegítimo do capitão Joaquim Lourival, o qual passara a estudar a Bíblia ao entrar em contato com Antônio Eustáquio, resolveu tornar-se protestante com a visita do Rev. Belmiro César.
Em 1893, chegaram a Natal o Rev. Calvin Porter, que foi recebido com alegria pelo irmão Joaquim Lourival e um grupo de congregados. Permaneceu por oito dias em Natal, celebrando cultos num armazém na Rua Visconde do Rio Branco e em casa dos crentes Genésio Xavier da Silva Brito e Joaquim Lourival. Após o regresso de Porter a Recife, o professor Panqueca (apelido do irmão Joaquim Lourival) continuou a celebrar cultos aos domingos. Por motivo de perseguição, o Rev. Porter foi mandado pelo Rev. Houston do Recife para Fortaleza, fato que trouxe grande tristeza ao seu coração, conforme suas palavras: “Quando li a carta, meu desejo foi resignar o cargo de missionário, porém disse a Kate: Eu amo o Brasil e Deus tem trabalho para mim aqui.” Como o campo de Fortaleza não comportava dois missionários, e os irmãos de Natal clamavam por ajuda, o Rev. Wardlaw enviou Porter a Natal, isso só foi possível porque Dr. Houston tinha sido substituído pelo Dr. Chester como líder da missão.
No dia 24 de janeiro de 1895, pisava em solo natalense o “Missionário de Cabelos Brancos”, recebido com alegria pelos irmãos. Começou a pregar nas casas dos crentes, em pouco tempo as salas e janelas estavam cheias de gente. Receberam autorização das autoridades para usar as escolas públicas e, num desses cultos ao pregarem sobre Jesus e a mulher samaritana, o advogado Diógenes Nóbrega converteu-se ao evangelho.
No dia 08 de abril de 1895, foram recebidos em Batismo e profissão de fé 33 adultos e 18 crianças foram batizas, dentre elas estavam: Diógenes Nóbrega, Coronel Joaquim Soares Raposo da Câmara, José Alexandre Seabra de Melo (conferente da alfândega), Coronel Pedro Lima, professor Joaquim Lourival e João Pereira Nobre.
O Sr. Gaspar Monteiro alugou o prédio onde foi posteriormente construída a Prefeitura Municipal, a fim de serem celebrados os cultos no local. Ao lado, existia um terreno desocupado, pertencente ao Sr. James O’Grady. Foi nomeada uma comissão para falar com o Sr. O’Grady, que cordialmente recebeu os irmão e os orientou a criar uma pessoa jurídica, pois faria a doação do terreno. Glória a Deus! Os irmãos se alegraram muito! No dia 11 de maio de 1895, foi lavrada a escritura do terreno. Deu-se início a mobilização para a construção do templo.
Muitas lutas e perseguições nossos irmãos enfrentaram, certa ocasião a residência do Rev. Porter foi apedrejada, ficando inteiramente quebradas as vidraças das janelas. Durante a construção do templo, as paredes eram derrubadas, mas ninguém pode prevalecer contra Obra do nosso Deus. A IPN instalou-se oficialmente no dia 3 de fevereiro de 1896, por uma comissão composta do Rev. Henderlite e do Presbítero Minervino Lins. Foram arrolados 153 membros.
Texto adaptado pelo Reverendo Liberato do livro “CALVIN PORTER: O missionário de cabelos brancos” de autoria de Agláia de Amorim Garcia Ximenes.